Termo correto para tratar as pessoas com deficiência – por Fabiana Sugimori
Muitas pessoas ficam confusas na hora de usar uma terminologia para identificar uma pessoa com deficiência, seja qual for a sua limitação. Com o passar do tempo, surgiram terminologias mantidas como "corretas", ao passo que outras foram abandonadas com o argumento de serem politicamente incorretas.
Afinal, qual termo é correto e por quê?
A maioria das pessoas, inclusive as com deficiência, muitas vezes utiliza o termo "portadoras de deficiência" ou "portadoras de necessidades especiais" para citar pessoas que possuem alguma deficiência.
Alguns desses termos, que um dia já foram sabidos, como "deficientes", "pessoas deficientes", "portadoras de deficiência" ou "portadoras de necessidades especiais", mantêm-se no tempo, na memória coletiva, sendo muitas vezes preservados e validados pelos nomes de entidades civis e governamentais que não têm como se desvencilhar de burocracias oficiais para atualizarem seus nomes.
Na maioria das vezes, desconhece-se que o uso de determinada terminologia pode reforçar a discriminação e a exclusão.
Cabe esclarecer que o termo "portadores" origina-se em algo que se "porta", que é possível se libertar quando quiser ou chegar a um destino. Transmite algo temporário, como portar um celular, talão de cheques, um documento ou ser portador de uma doença.
A deficiência, na maioria das vezes, é algo permanente, não se enquadrando no termo "portadores". Além disso, quando se diz que alguém é "portador de deficiência", nota-se que a deficiência passa a ser a marca principal da pessoa, pelo dano de sua condição humana.
No histórico que Maria Isabel da Silva menciona em seu artigo "Por que a terminologia 'pessoas com deficiência'?", observa-se que a terminologia foi se amoldando à sua época:
- "Até a década de 1980, a sociedade utilizava termos como "excepcional", "aleijado", "defeituoso", "incapacitado", "inválido"... Passou-se a utilizar o termo "deficientes", por influência do Ano Internacional e da Década das Pessoas Deficientes, estabelecido pela ONU, apenas a partir de 1981. Em meados dos anos 80, entraram em uso as expressões "pessoa portadora de deficiência" e "portadores de deficiência". Por volta da metade da década de 1990, a terminologia utilizada passou a ser "pessoas com deficiência", que permanece até hoje."
Ela explica: "A diferença entre esta e as anteriores é simples: ressalta-se a pessoa à frente de sua deficiência. Ressalta-se e valoriza-se a pessoa acima de tudo, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais. Também em um determinado período acreditava-se como correto o termo "especiais" e sua derivação "pessoas com necessidades especiais". "Necessidades especiais" quem não as tem, tendo ou não deficiência? Essa terminologia veio na esteira das necessidades educacionais especiais de algumas crianças com deficiência, passando a ser utilizada em todas as circunstâncias, fora do ambiente escolar."
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela Assembléia da ONU em 2006, assinada pelo Brasil e outros cerca de 80 países em 2007 e ratificada em 2008 pelo Congresso Nacional, foi criada por governos, instituições civis e pessoas com deficiência de todo o mundo e acabou por oficializar o termo "pessoas com deficiência" em seu respectivo título.
Todos temos algum tipo de deficiência.
Ninguém é eficiente completamente, perfeito, ou sabe tudo, não é mesmo?