sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Em homenagem ao Dia dos Pais - Amor incondicional

Crônica sobre o dia dos pais


Em homenagem ao Dia dos Pais – Amor incondicional…
Patrícia Osandón
14 de agosto de 2011

Quando eu fiquei grávida, as pessoas me perguntavam surpresas ‘Mas, como foi que você fez?’. Eu respondia ‘Você realmente quer que eu te conte?’ Flávia Cintra

Amor de pai e mãe é aquele tipo de coisa que não se explica, apenas se sente. É daquele tipo de amor que o coração aperta quando a noite chega e o filho não dá
notícias. É o amor de ver aquele pequeno ser de poucos centímetros nascer, crescer, aprender, viver… “Quando você for pai/mãe vai saber o tamanho do amor que sinto
por você”. Com a intempestividade da descoberta da vida, muitos filhos talvez não acreditem ou não entendam a plenitude desse sentimento – são os anos que costumam
trazer a maturidade para que esses filhos saibam, de fato, o que é e o que representa esse tipo de amor.
O amor entre pais e filhos assume um caráter ainda mais especial quando algum deles possui uma deficiência. Seja quando os filhos nascem com uma deficiência ou
quando os pais é que possuem uma deficiência, é minimamente desafiador o cotidiano enfrentado por pais e filhos com tal realidade. Não é fácil ser uma pessoa com
deficiência no Brasil: são barreiras físicas das mais diversas, preconceitos, dificuldades para estudar e trabalhar e muitos outros desafios.
Quando um pai descobre que seu filho nascerá com uma deficiência, como agir? Muitos foram os exemplos de homens e mulheres que não mediram esforços para ver seus
filhos nascerem e que os apoiaram por toda a vida, superando as dificuldades e enfrentando os desafios.
Amor sem igual sentiu tantas vezes dona Hilda ao ver a filha Fabiana Harumi Sugimori defender o nome do Brasil nas raias paraolímpicas internacionais. Fabiana recorda-se,
como se fosse hoje, de cada segundo que antecedeu a prova dos 50m livre para pessoas com deficiência visual dos Jogos Paraolímpicos de Atenas, em 2004. A expectativa
de que ela conquistaria o ouro era grande, afinal, quatro anos antes, nos Jogos Paraolímpicos de Sidney, havia sido Fabiana, aquela jovem doce, tímida e talentosa,
a conquistar o único ouro da natação, no último dia de competição nas piscinas. “Era como se toda a minha vida estivesse passando como um filme em questão de instantes.
Treinar com afinco durante anos não é fácil. Às vezes, foi preciso abandonar muitas coisas para poder me dedicar de corpo e alma à natação”, conta.
Além de um ouro, o grande sonho de Fabiana era conquistar um recorde mundial em Atenas. Na arquibancada do Centro Aquático da Grécia, uma pequena torcida que poderia
valer mais do que uma multidão inteira: dona Hilda, Flávia e Marcelo, a mãe e os irmãos da nadadora. Foram os 32 segundos e 35 centésimos mais esperados da vida
de Fabiana os responsáveis pela conquista do ouro nos 50m livre, entre as melhores atletas de todo o mundo. De manhã, nas eliminatórias, ela havia registrado o
recorde mundial, com 32s32. Sim, era ela, então com 23 anos, a hastear a bandeira e a cantar o hino brasileiro no lugar mais alto do pódio, com o título de bicampeã
paraolímpica da prova. A mãezona Hilda conta a emoção que sentiu ao ver a filha conquistando o ouro. “Estive em Atlanta e só não pude ir a Sidney por problemas
de saúde. Todos os meus filhos foram ou são nadadores, por isso, entendemos melhor ainda como ela se sentiu ao ganhar a medalha”, explica Hilda[i].
Já o outro lado, do pai ou mãe que se torna uma pessoa com deficiência, também traz novas experiências ao cotidiano familiar. Quando a atriz Alinne Moraes assumiu
o desafio de interpretar uma personagem cadeirante na Rede Globo, muitas pessoas se perguntaram: “mas ela não vai voltar a andar?” ou “como ela, com uma deficiência,
poderá ter filhos?”. Experiência semelhante foi enfrentada pela jornalista Flávia Cintra, tetraplégica e mãe de gêmeos: “a sexualidade é inerente à condição humana
e não se limita apenas às questões motoras ou sensoriais. Quando eu fiquei grávida, as pessoas me perguntavam surpresas ‘Mas, como foi que você fez?’. Eu respondia
‘Você realmente quer que eu te conte?’[ii].
Quem também sempre destacou o apoio da família é a atleta paraolímpica Roseane Ferreira dos Santos, a Rosinha, do atletismo. “Hoje, as pessoas com deficiência estão
tendo mais participação, em todos os sentidos. Muitas famílias têm vergonha de ter filhos deficientes, que não saem de dentro da sua própria casa. Ainda bem que
a minha família nunca foi assim”[iii], diz.
O fato é que 14,5% da população brasileira, portanto, 24,5 milhões de pessoas, possuem alguma deficiência (CENSO 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Se considerarmos que cada uma dessas pessoas com deficiência está em um ambiente familiar, o número de brasileiros que convivem com a temática da deficiência amplia-se
consideravelmente.
Ser mãe ou pai de uma pessoa com deficiência ou ser filho de uma mãe ou pai com deficiência implica grandes desafios. Mas, ao final de tudo, apenas o amor pode
sintetizar o que é capaz de unir uma família nos momentos de dificuldade. E por mais piegas que pareça falar de amor, é justamente esse sentimento que pode trazer
tantas mudanças no mundo.
O vídeo que deixo ao final do texto ilustra por si só o que é amor de pai. Não há palavras para descrever tamanho sentimento, representado por apenas quatro letras:
AMOR.
LINK DO VÍDEO:

http://sorisomail.com/partilha/13174.html

PS: Para não deixar de ser piegas, que não só um dia do ano seja o Dia dos Pais, mas que todos os dias mães e pais possam ser homenageados e amados por seus filhos.
E, como não poderia deixar de ser, agradeço ao meu pai, que me deu a chance de ser filha de um homem de alma tão brilhante.

Fonte:

Blog memoria olimpica do brasil

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